sexta-feira, 18 de setembro de 2009

amarasdocesdrágeas

Saudade, quem não tem,


Calça os sapatos convicto.

Quem tem, calça-os distraído...

...e só mais tarde percebe que escolheu o mais bonito!

. . .
 
?


Seu cheiro ainda está aqui.

Não vou conseguir dormir;

Vou perder meu compromisso!


!?E o que Deus terá com isso!?


. . .

E me fotografou num relâmpago:

“--Tome menino, um doce coração rebelde;


Um vício indelével;

Uma solidão templária.



E vá sonhar pela vida!”

. . .

A minha casa é mais bonita à noite.


A porta da cozinha dá pra Lua...

E a da sala para a face oculta.

. . .

A mulher ainda não conhecia o amor...


O homem ainda não inventara os espelhos...

Mas vi teus olhos - dois isqueiros acesos - refletindo e prometendo

Ainda mais fogo em meus pelos...

. . .

A pedra azul, por exemplo, ama o azul?


E se ama, será que o azul corresponde?

Ou desama a pedra que o prende?

 . . .

Afinal, em tudo na vida há aprontos...


Recuos...indecisão.

E os fui-não-fui-e-acabei-fondo!

Do fundo do coração!

. . .

O poeta,


Este ser que veio na rede;

Que olha tudo mortalmente maravilhado!

(Das vezes embrulhado;

Em outras lendo o jornal...)

. . .

Eu só não sei dançar essas músicas da terra,


Músicas de gente demasiadamente humana.

Mas com você eu danço sim.

Você não é só uma simples mulher !

Não é uma desumana dançarina!

E acho que posso te mostrar uns passos que aprendi com os anjos.

E uns ritmos que alucinam no inferno!

. . .

Quero trocar penas, peles, pétalas...


Tudo o que sei pelo que saberei dando passos...

Com os sabiás, que sábios,

Assobiam sabiá

E nunca assobiam o que não sabem!

. . .

Quero aprender com você, corvo desalmado


A limpar do ego o estragado.

Quero aprender com você, piranha desalmada

A devorar sem pecado.

Quero aprender com você, serpente desalmada

O silêncio onde fui bardo.

Quero aprender com você, velho trem no pátio

A envelhecer sem cuidados.

. . .

Amor, por favor,


Não vista mais esse vestido

Preto como um rabisco de Lúcifer no solo:

Deixe-o pra sempre assim meio torto, querendo o caído,

Enroscado a lançamento,

No meu cabide dos olhos,

Em todo amor que sinto!

. . .
 
Olhe o Amor,


Toma sol na pedra com uns lagartos.

É sereno,

É vagabundo preocupado com inventos.


E que as nuvens cuidem das incorrespondências no firmamento...

Um comentário:

Anônimo disse...

"E acho que posso te mostrar uns passos que aprendi com os anjos.

E uns ritmos que alucinam no inferno!"

....

que belo e inusitado conflito!
interessante passear pelos seus caminhos em palavras.
assim somos, uns tantos em um só.

Vou me deixar passear a cada dia uma nova estrada por aqui.
De pouco em pouco ... indo de galeria em galeria.

é possível trazer em imagens o efeito do abstrato da alma.
reflitamos sobre essa possibilidade.

bem de mim,
Gisa